O storytelling é a arte de uma marca usar histórias para criar uma conexão com seus clientes, impacta na experiência de consumo e, sem dúvidas, pode fazer toda a diferença para o sucesso de restaurantes também.
Que tal, em vez de ter um negócio que serve pratos deliciosos, você ser dono(a) de um estabelecimento em que as raízes ficam evidenciadas ou em que uma cultura é enaltecida ou em que o pequeno produtor é protagonista das receitas.?
Cada propósito apresentado em forma de histórica destaca seu negócio dos outros, cada escolha do cliente ganha um novo significado e cada significado é sinônimo de mais motivos para que ele queira voltar!
Este artigo fala de quando a narrativa entra em cena, como e por quê: continue lendo.
O que é o ato de contar histórias na gastronomia?
No foodservice, “storytelling” quer dizer, basicamente, mostrar, em forma de texto e imagem, na comunicação dos garçons, no cardápio e nas redes sociais, de onde vêm os ingredientes de cada receita, o que inspirou o chef a fazê-las, por que o nome e a decoração do local são como são etc.
E quem usa o storytelling para vender mais consegue fidelizar mais gente – e vice-versa! Afinal, ele tem tudo a ver com experiência de consumo.
Uma boa narrativa gastronômica orienta escolhas de forma a encantar o freguês enquanto aumenta a rentabilidade do negócio.
A ideia de adotar o conceito, então, precisa estar baseada na conexão do cliente aos ingredientes, aos modos de preparo, aos objetos da decoração e detalhes do menu, às expressões usadas pelos atendentes e assim por diante.
No fim das contas, tudo é marketing emocional e, portanto, um esforço por parte do gestor e dos funcionários para que haja identificação, lembrança, curiosidade e/ou o despertar de sentimentos positivos em cada consumidor.
Antes de contar histórias, defina uma identidade para a sua marca gastronômica
Como você quer que as pessoas se sintam ao interagir com o seu restaurante? Entusiasmadas ou tranquilas? Confortáveis ou “mexidas”? Em casa, como se estivessem na sala da avó, ou num lugar desconhecido e cheio de descobertas para acontecer?
Essa definição de identidade será o primeiro passo para a construção de qualquer storytelling, pois levará à definição do tom de voz para a comunicação da marca, das cores, da trilha sonora, do jeito de receber, do visual do cardápio e até do jeito como a conta é apresentada.
Depois, virá a tradução de cada pilar em ações práticas.
E, quando você menos esperar, a galera já estará conhecendo seu negócio pelo apelido carinhoso, pelo nome sem o logo ou pelo logo sem o nome, como conhece as marcas mais famosas do mundo!
Aliás, tome cuidado no que diz respeito ao “tom de voz”:
- Certifique-se de que ele tenha a ver com a história a ser contada
- Mantenha consistência em todos os canais de comunicação
- Atente-se até aos pequenos detalhes (Ex.: emojis em mensagens do WhatsApp)
- Não invente ou adote posturas, frases e palavras que não condizem com a realidade do restaurante e do público-alvo
- Adapte a linguagem ao público, sempre, mas mantendo a personalidade da marca
- Evite fazer cópias ou tentar surfar em tendências só “porque é moda”
- Revise e ajuste a comunicação conforme a maturidade dos negócios e o feedback dos clientes e de funcionários
Fazendo isso, você estará pronto para o show; para “servir” aquele tipo de mágica que nem precisa de palco, ao melhor estilo “não sei explicar, mas tem algo aqui”.
Então, bastarão alguns truques finais para a ausência de palavras se tornar um excesso de carinho, feedbacks positivos, indicações “grátis” e aquele retorno frequente!
5 melhores truques para aplicar storytelling na prática
Sua mágica já começou a acontecer.
Agora, para ela surpreender, existem alguns “truques” necessários, e cuja intenção precisa ficar dentro da cartola, no bolso do paletó ou por baixo da manga!
O cliente não precisa ouvir ou ler nada do tipo “toda essa história foi pensada para você” ou “fizemos nossa narrativa alinhada ao DNA da marca porque…”, pelo contrário: o storytelling funciona melhor quando é natural e espontâneo.
E dá para torná-lo cada vez mais “assim por natureza” seguindo estas cinco orientações:
1. Use todos os recursos de um cardápio encantador
Em vez de listar ingredientes, mostre de onde eles vêm, explique a inspiração de cada prato (ou, ao menos, dos carros-chefes) ou traga uma curiosidade sobre as principais receitas.
Se seu menu for distribuído em categorias, algo altamente recomendado, experimente destacar pequenos textos ao início de cada seção do menu para reforçar a identidade da casa.
No cardápio digital, aproveite os recursos visuais e carregue fotos dos produtores parceiros, diferencie opções inclusivas, traga uma aspa de alguém da equipe sobre uma receita única e assim por diante.
Pense em despertar interesse e criar, antes mesmo da primeira garfada, um valor que pode ser agregado ao sabor!
2. Surpreenda através da história do restaurante
Sempre que possível, mostre, de diferentes formas (publicações nas redes sociais, lista de transmissão do WhatsApp, homepage do site, objetos na recepção e assim por diante), como o negócio nasceu, e o que inspirou sua criação, bem como a elaboração do menu, da carta de drinks, a decoração etc.
Esses detalhes, quando devidamente alinhados às expectativas do público-alvo e aos hábitos de consumo modernos, aproximam a galera e fidelizam cada vez mais gente. Por causa da identificação, sobre a qual você já leu neste artigo!
3. Revele a trajetória dos ingredientes
Tome as mesmas atitudes sugeridas no tópico anterior, mas para mostrar de onde vêm os ingredientes usados no restaurante – se sua logística for realmente diferenciada – e como eles chegam até a mesa do cliente.
- Produtores locais
- Técnicas de cultivo dos insumos
- Cuidados no transporte
- Rastreabilidade
Várias coisas entram na lista, contam uma história e diferenciam sua marca!
4. Transforme o atendimento em parte do show
Agarrando-se ao que ficou definido em termos de “tom de voz” e ao manual de atendimento do seu restaurante, capacite a equipe para ser cada vez mais narrativa, sem incomodar, é claro.
Tanto recepcionistas quanto garçons podem:
- Incluir pequenas histórias no processo de atendimento
- Sugerir um prato já explicando sua proposta ou origem
- Informar sobre algum ingrediente, registrando curiosidades ligadas a ele
- Associar uma parte da história da comida/bebida ou do restaurante à história do cliente, se houver essa abertura
Somada às dicas que importam para o cardápio, essa quarta orientação da lista vai fazer toda experiência parecer ainda mais completa e especial – sem você precisar de grandes mudanças na operação!
5. Crie experiências temáticas “de aplaudir de pé”
Por último, combine ambiente + storytelling e promova alguns eventos, mesmo simples, capazes de transportar o cliente para a narrativa que você quer contar.
Suas experiências temáticas podem envolver:
- Uma noite dedicada a algo ou alguém específico
- Um menu que homenageia algo ou alguém
- Um destaque para uma data comemorativa que tenha tudo a ver com a história o restaurante
- Outro evento que converse com a identidade da marca e que não seja apenas pontual, mas que fique marcado na memória de quem voltar em ocasiões “normais”, justamente porque condiz com toda a proposta da marca
Sim salabim!
E você vai perceber que, no fim das contas, o storytelling gastronômico não tem nada de truque, mas de estratégia, consistência e verdade, como os donos dos negócios que vêm adiante também perceberam.
Exemplos de storytelling no foodservice: inspire-se para começar
Olha só estas inspirações do uso de histórias de forma autêntica, consistente e totalmente conectada ao que é entregue ao freguês!
- Padaria da Esquina: une afeto, memória e técnica de uma herança portuguesa
- Maní: cozinha brasileira reinventada, com protagonismo da natureza e dos produtores
- Mocotó: reflete a história cheia de memórias de uma família e suas raízes nordestinas
- Nakka/Kuro: casas japonesas que narram uma experiência personalizada e premium em cada etapa do atendimento e serviço
- Origem: restaurante baiano que valoriza a cultura regional
- Guajá: referência de storytelling envolvendo a comunidade
- Avós/Tarantino: cervejarias paulistas que usam o humor na construção de suas narrativas
Cada detalhe conta para, no final, uma narrativa dar sentido a um espetáculo inteiro! Pense nisso.
Deixe seu comentário ou dúvida